Qual o próximo passo para vida e carreira ?

Por Júlia Ramalho

 

Essa é a pergunta que muitos clientes têm feito, manifestando dificuldades de visualizar o próximo passo, seja na vida ou na carreira. Muitos buscam uma fórmula para equilibrar a vida pessoal e o trabalho, para se manterem relevantes no mercado. E acabam por se sentirem pressionados a produzir cada vez mais.

As pessoas estão se queixando de uma imobilidade e paralisação. Sentem que deveriam estar produzindo mais, aprendendo algo novo, mudando de emprego ou encontrando estratégias para crescer na carreira e seus negócios.

Algumas perguntas borbulham por aí: Tenho que fazer um curso de Inteligência Artificial? O que faço para não ficar irrelevante? Tenho que fazer mais uma pós graduação? Ficarei sem trabalho? O que preciso saber? Outros estão agindo, sem muito pensar, seguindo uma ideia atrás da outra, agitando, sem ter muito claro o que estão trilhando.

Constata-se um mal estar e uma angústia, que oscilam entre uma apatia – “falta alguma coisa, não sei o que é e não consigo dar o passo” – e mania – “não posso parar, é preciso fazer algo mais”.

Não há dúvida que estamos vivendo tempos turbulentos e incertos, o chamado mundo BANI* chegou. Sobrevivemos à pandemia, e esta deixou marcas em nós. Entender o que se passou e que se passa dentro da gente, na nossa subjetividade, não é tarefa fácil.

Há muito tempo, Freud nos alertou sobre a parte desconhecida em nós, a que atua sobre nossas escolhas e ações: o inconsciente. Acessar a lógica do inconsciente é um caminho importante para que possamos fazer escolhas autênticas e que funcionam para cada um de nós.

O inconsciente opera em um tempo lógico. Jacques Lacan nos ensinou como ele se desdobra. O psicanalista francês utilizou o dilema do prisioneiro, também utilizado na teoria de jogos, para mostrar como precisamos de tempo, informações e relações para conseguirmos acessar o que é nosso.

Nosso cálculo e estratégia não podem ser feitos por impulso. E nem por saberes prontos. É uma construção, para além da certeza rasa. Há um tempo de ver (e ouvir). Outro tempo para se elaborar. E, por fim, o tempo de concluir. Esses três tempos não seguem o relógio e nem o calendário do ano. Eles seguem a passos rápidos ou lentos, o ritmo de cada um. Assim, para fazer nossas escolhas autênticas precisamos de tempo.

Para definir o próximo passo, o grande desafio é coordenar o que é nosso (aquilo que está no coração – inconsciente – e aquilo em que somos bons) com o externo (o que o mundo precisa e paga por isso). Essa é a famosa fórmula japonesa do Ikigai. A questão talvez não seja fazer mais, mas construir um caminho próprio e único, e para isso, é preciso saber o que você deseja.

A pergunta talvez não seja se você deve ou não deve fazer um curso de AI ou uma nova pós graduação para continuar relevante.

Ao longo de mais de 19 anos atendendo em coaching de carreira, vi verdadeiros colecionadores de diplomas e de conhecimento que não conseguiram alavancar suas carreiras e nem se realizarem no trabalho. Talvez, as perguntas sejam: o que quero para minha vida e carreira? O que estou disposto a perder para conquistar isso? O que terei coragem de continuar buscando, mesmo se os resultados não forem imediatos? 

Para uma escolha autêntica, é preciso ir além das respostas prontas e certezas rasas. É preciso permitir a dúvida, a escuta e a elaboração para que, então, você possa encontrar o caminho que surge e, junto, a coragem de seguir o caminho que é só seu!

  • E você: Está cheio de certezas ou dúvidas sobre seus próximos passos? Como você tem aberto espaço e tempo para reflexões sobre sua vida e carreira?

No próximo post contarei um caso verídico sobre como um cliente se ouviu e inventou o caminho.

*Confira sobre o mundo BANI aqui https://www.linkedin.com/pulse/e-esse-cansa%2525C3%2525A7o-que-n%2525C3%2525A3o-passa-j%2525C3%2525BAlia-ramalho-%3FtrackingId=ojGGCvGvLRNMlZVBEZ42jQ%253D%253D/?trackingId=ojGGCvGvLRNMlZVBEZ42jQ%3D%3D

Sobre Júlia Ramalho: Tem paixão por ajudar pessoas e organizações a resolver problemas complexos e a crescer. Sócia fundadora da Estação do Saber, empresa que trabalha com consultoria e desenvolvimento de pessoas e negócios. Tem mais de 30 anos trabalhando como consultora e mais de 18 trabalhando como psicóloga e coach. Ajudou mais de 4,500 executivos a desenvolver pessoas e expandir seus negócios. É Psicóloga, Administradora, Mestre em Administração e Coach de Executivos desde 2005. Em 2013, fundou a Federação Internacional de Coaching – capítulo Minas.

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