Psicólogas discutem em Divinópolis a urgência da implantação da NR-1
Psicólogas discutem em Divinópolis a urgência da implantação da NR-1
A indefinição sobre a data de implantação da Norma Regulamentadora 1 (NR-1) nas empresas brasileiras não elimina a urgência de realização de discussões sobre as questões relacionadas com a saúde mental no trabalho. Atenta à demanda, a Subsede Centro-Oeste do Conselho Regional de Psicologia promove nesta quinta-feira, dia 24, em Divinópolis, o evento “Desafios da(o)s profissionais de RH frente à NR1 e às avaliações de riscos psicossociais.
“O tema da saúde mental nas empresas não pode mais ser adiado”, assinala Júlia Ramalho, psicóloga e CEO da Estação do Saber, que divide a mesa de debates com Fabiana Goulart, professora adjunta do Departamento de Psicologia da Universidade do Estado de Minas Gerais, e a mediadora, Juliana Luzia de Almeida Assunção, coordenadora da Comissão de Orientação de Psicologia Organizacional e do Trabalho na subsede Centro-Oeste do CRP-MG.
A proposta do evento é refletir sobre a importância da regulamentação, as recentes atualizações sobre gestão de riscos psicossociais e a atuação das(os) profissionais de Recursos Humanos na área. A NR1, emitida pelo Ministério do Trabalho e Emprego, estabelece diretrizes de segurança e saúde física e mental nos ambientes laborais.
Por que é urgente
Júlia Ramalho destaca a força dos números para reforçar a urgência dos debates. Segundo dados do Ministério da Previdência Social, no ano passado, 472.328 trabalhadores foram afastados por transtornos mentais, o maior número registrado em pelo menos dez anos. Isso representa um aumento de 68% em relação a 2023, quando foram concedidos 283 mil benefícios pelo mesmo motivo.
Esses afastamentos, motivados por doenças como depressão, transtornos de ansiedade e outros quadros incapacitantes, já representam uma fatia expressiva entre os 3,5 milhões de pedidos de licença médica feitos ao INSS no último ano. Segundo Júlia, “temos que acelerar o debate sobre a saúde mental das empresas, ajudando a identificar causas através de análise de dados, formas éticas de monitoramento com dados tanto individuais quanto do ambiente. Dessa forma, poderemos entender melhor as responsabilidades e juntos encontrarmos boas soluções para todos.”
Responsável pela mediação do evento, Juliana Almeida denuncia a existência de “anos de negligência com relação à saúde mental do trabalhador e da trabalhadora nas nossas práticas diárias nas organizações”. Ela afirma que os efeitos são devastadores para a pessoa que trabalha, seus familiares e também as organizações do trabalho que não podem contar com pessoas saudáveis.
Saúde mental: por que os problemas crescem
“As principais causas de sofrimento dos trabalhadores estão relacionados com as exigências cada vez maiores por resultados inalcançáveis, em ritmos cada vez mais acelerados, que inviabilizam a autenticidade, a criatividade e, muitas vezes, estimulam a competição entre trabalhadores, levando à fragilização dos vínculos de solidariedade e a desumanização do trabalho” avalia Fabiana Goulart.
Para a palestrante, o cenário contribui para a perda de sentido no trabalho, e impacta negativamente a percepção do trabalhador acerca de si, das suas capacidades e do seu papel no mundo. “É imprescindível escutar os trabalhadores e, junto com eles, construir as transformações necessárias do trabalho, de maneira que ele seja compatível à promoção da saúde e da vida”, reitera.