Setembro Amarelo chegou e, com ele, a necessidade de conscientização sobre o suicídio!
Por Júlia Ramalho
Mas é preciso muito mais do que um mês para que o suicídio deixe de ser um tabu e uma alternativa para o desfecho do sofrimento mental. Nos últimos dez anos, o número de casos de autoextermínio aumentou 43%. Entre os adolescentes, o número é ainda mais alarmante: aumentou em 81% no mesmo período.
Não há mais tempo para adiarmos essa conversa: nossa saúde mental e o suicídio não podem continuar como um tabu!
Quando alguém pensa em tirar a própria vida, frequentemente não tem coragem de verbalizar isso para as pessoas mais próximas. Ao esconder isso, esconde também a necessidade de ajuda. Mas por que? Porque o suicídio é um tabu, algo que não pode ser dito na nossa cultura.
Quem disse que temos que ser fortes e perfeitos? Que horas inventamos um mundo em que não podemos chorar e sermos frágeis? Por que temos que aguentar tanta coisa calados? Por que acreditamos que temos que fazer tudo sozinhos, mesmo quando não temos força?
O assunto é um tabu tão grande, que muitas famílias que tiveram entes que cometeram o suicídio, escondem a causa da morte. Sentem-se envergonhados e frustrados de não terem impedido o ato.
É preciso dizer que, embora tenhamos uma sociedade de “influencers”, de “visibilidades”, de “sucesso”, sendo mostrada a todos nas redes sociais, atrás da tela há mais pessoas doentes do que imaginamos.
Algo não vai bem: O Brasil é o país da América Latina que lidera os casos de depressão e ansiedade. Nas estatísticas sobre causas de suicídio, 96,8% dos suicidas sofriam de depressão.
É chegado o momento da nossa sociedade, família e empresas autorizarem a dor e o sofrimento mental. Uma dor invisível, mas que não “é frescura”, nem “preguiça”, “nem descaso”. É uma dor incapacitante, fomentada por uma sociedade que diz que precisamos produzir, produzir e produzir…
É hora de nos reconectarmos com o que nos faz ser humanos. Hora de acolher, ouvir e cuidar daqueles que estão doentes e precisam de ajuda. É hora de aprender a pedir ajuda e saber que não é vergonha alguma “fracassar”, “se perder” e “não ter forças”…
Com mais presença em nossas interações e relacionamentos, podemos reencontrar o apoio e a esperança para aprendermos a nos cuidar.
O setembro amarelo está aí, com seus ipês. Suas cores nos lembram que sempre é possível florir, mesmo quando tudo parece árido e seco.
A consciência sobre o suicídio é essencial para plantar as condições e ver florir os ipês, as flores e a vida. Vamos juntos conversar sobre #setembroamarelo ?